Especialistas explicam como o app WeChat ganhou espaço na China e qual é a sua contribuição para a pandemia de coronavírus.
A relação entre tecnologia e a saúde vem se mostrando eficiente nos últimos meses. Não apenas no Brasil, mas no mundo todo, as lideranças estão usando geolocalização e bancos de dados para mapear os impactos do coronavírus. Não poderia ser diferente na China, onde as tecnologias são as principais fontes de renda do país e onde o coronavírus surgiu.
O WeChat é um dos exemplos chineses de sucesso que utilizam os seus serviços para ajudar os usuários. O aplicativo começou com trocas de mensagens, uma funcionalidade muito semelhante ao WhatsApp. Porém, para atender a demanda do público chinês, o WeChat incluiu diversas funções em apenas um app: transferências, delivery de comida e até mesmo consultas médicas.
Com mais de 1 bilhão de contas cadastradas, o banco de dados do WeChat e a capacidade de cruzar as informações geram ferramentas como o mapa do coronavírus, que indica onde foram confirmados casos de contaminação próximos do usuário. No caso dos transportes públicos, o usuário usa o QR Code para registrar sua viagem em um banco de dados. Assim, se um passageiro for diagnosticado com covid-19, todos os passageiros que usaram o mesmo veículo serão avisados automaticamente.
Segundo um porta-voz da Tencent, empresa dona do aplicativo, as ferramentas e os recursos foram lançados para “ajudar os usuários a permanecerem seguros e se protegerem contra a pandemia de coronavírus”. A entrevista foi concedida ao BuzzFeed.
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Como o WeChat conquistou tanto espaço e importância na China?
Especialistas em economia e aplicativos afirmam que um dos principais motivos para o sucesso do WeChat é a cultura do país. Os desenvolvedores chineses sabem adaptar os serviços às necessidades regionais do público. Empresas chinesas como a Tencent não almejam globalizar suas tecnologias e plataformas, como os EUA e o ocidente fazem. Elas conhecem seus usuários, sabem o que precisam e atendem à demanda.
Segundo o programador de aplicativos e CEO da InfoGo, Marcus Taccola, conhecer o cliente faz com que erros e necessidades sejam mais aparentes e, consequentemente, resolvidas. Ele explica como a criadora do WeChat fez para atender o mercado chinês: “Houve tempo e disposição da Tencent para adicionar pequenas melhorias de forma natural, avaliando seu público sem descuidar das métricas de crescimento. Assim, se algo não fosse bom, rapidamente era modificado, permitindo um crescimento sólido”.
Além disso, Taccola alerta ressalta que a cultura chinesa teve sua abertura coincidindo com a explosão da tecnologia móvel. De acordo com o Centro de Rede de Informação da Internet da China – até o final de 2017 – 97,5% dos internautas estavam conectados pelo celular. “A China é a maior usuária disparada, com mais de 700 milhões transacionando por meios digitais, contando com um ecossistema preparadíssimo para isso, que vai desde meios de pagamento, até logística e e-commerce totalmente integrados. E podemos dizer que o WeChat é um dos grandes responsáveis por este evento.”, afirma o programador de aplicativos.
Aliado ao público, o perfil dos investidores e desenvolvedores chineses também foi um dos motivos do sucesso do WeChat. De acordo com Kleber Fontes, empresário e consultor de comércio exterior, “os investidores chineses são muito mais agressivos comercialmente do que os do ocidental que estão acostumados a lidar com mercados menores”. O mercado chinês é cerca de sete vezes maior do que o brasileiro. Ele ainda aponta que os players chineses investem em projetos grandes, de muita capilaridade, como o WeChat.