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Entenda como as lives podem prejudicar a vida de muitas pessoas mesmo sendo nossa válvula de escape em meio à pandemia

Tudo que a grande maioria da população busca, nos dias sombrios que vivemos, é se isolar e blindar-se da massiva onda de negativismo e tudo de ruim que segue acontecendo repetitivamente mundo afora. Não há lugar no mundo onde exista um ser humano capaz de processar e lidar com tudo que está nos rodeando, por isso, buscamos nos alienar, de certa forma, pelo entretenimento. E nesse universo, as pessoas, além de séries, filmes, música e os meios tradicionais, tem reservado seu preciso tempo para assistir livestreams de seus artistas favoritos.

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Grandes empresas tem fechado contratos milionários para patrocinarem essas lives de entretenimento, campanhas de doações, ONG’s e tudo que mais possamos imaginar, resumem o conteúdo por trás das lives. Analisando a fundo como o entretenimento tem sido uma ferramenta crucial como fuga para a população, que majoritariamente já possui acesso à internet, podemos concluir que chegamos à um novo paradigma do entretenimento, ao menos nesse momento de pandemia global.

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Enquanto muitos ainda se sacrificam diariamente saindo às ruas para trabalhar e só querem chegar em casa sem ter que assistir às notícias, também temos as pessoas, privilegiadas de certa forma, que ainda trabalham de casa e mesmo após horas encarando telas, escolhem, em qualquer um dos casos citados, ligar uma tela e assistir uma live. Em sua maioria, as lives de entretenimento mobilizam um grande público e também costumam buscar arrecadar doações para ONG’s, como fez o Emicida em transmissão de 8 horas, para arrecadar para o projeto Mães da Favela. A live de entretenimento foi no dia das mães e arrecadou cerca de 800 mil reais.

É aí que entra o segundo ponto positivo dessas streams. Enquanto serve de válvula de escape, a maioria das transmissões são alinhadas com projetos que servem para ajudar as pessoas mais afetadas durante a pandemia. Outro exemplo a dar é o festival BRB, que rolou na semana de aniversário de 60 de Brasília e reuniu estrelas da música da cidade para fazer shows online e arrecadar fundos para as pessoas atingidas na cidade. 

Banner de divulgação do festival BRB (Créditos: divulgação)

Do outro lado da moeda, precisamos também reconhecer o impacto negativo destas mesmas lives. Alguns podem se lembrar do caso de Gustavo Lima, um dos maiores cantores sertanejos do país atualmente teve sua live retirada por estar quebrando as regras do CONAR. O cantor, patrocinado por uma marca de bebidas alcoólicas fez a transmissão inteira consumindo o produto alcoólico com rótulo e tudo mais, e, pra fechar com chave de ouro, ficou claramente embriagado. De acordo com o CONAR e suas regulamentações esse tipo de propagando e explicitamente proibida, por poder incentivar o uso descontrolado de álcool e ainda mais em uma plataforma onde não é possível ter controle de quem estaria assistindo o show, podendo ter inúmeras menores de idade presente.

Gustavo Lima em sua live no Youtube (Foto: Youtube)

O problema não acaba em Gustavo Lima, ou outros cantores que fizeram o mesmo. Enquanto as grandes empresas ganham muito dinheiro e investem muito dinheiro nas mesmas lives, alguns artistas fizeram questão de criar um espetáculo do entretenimento, só esqueceram de um detalhe: a pandemia. O que mais assusta nessa lives é a quantidade de pessoas em ambientes fechados e pequenos, contrariante qualquer recomendação de isolamento social ou distanciamento. Para fechar com um triste exemplo do descaso dos artistas, uma live teve que ser desmarcada no dia 29/05, onde Zezé de camargo e Luciano se apresentaram. O motivo de ser um fato triste é apenas porque dois músicos da dupla contraíram o vírus. Ambos estavam participando da última live da dupla, que aconteceu 10 dias antes de testarem positivo.

            Por fim, não existem dúvidas dos lados positivos das lives. Elas trazem movimentação nas nossas vidas, um breve respiro de felicidade em meio a tanta tristeza; movimenta empresas com os patrocínios e ainda faz com que os artistas sigam ativos. Porém, tudo que é tão bom não pode ser verdade, ou ao menos, tão fácil assim. Nesse momento, mais que nunca, temos que seguir algumas regras rigidamente e isso vale para todos.