Agora não tem como não pensar nisso, como as vacinas são feitas e como isso funciona aqui no nosso país? Vem ver!
A vacinação é uma das práticas mais efetivas e simples de imunização de uma população contra as mais variadas doenças. Ao longo da história, elas foram as responsáveis por diminuir o número de mortes e complicações de casos como a poliomielite, o sarampo e até o tétano, sendo uma grande aliada da medicina moderna para a melhoria da qualidade de vida da população.
No Brasil, a vacinação em massa dos habitantes fez com que o país passasse mais de 20 anos sem um caso de sarampo em território nacional – um avanço para a saúde pública. Mas qual a relação do país com a produção das mais usuais vacinas?
Tradição e pioneirismo
Segundo o presidente da Comissão Ética da Sociedade Brasileira de Imunizações, Gabriel Oselka, o Brasil tem uma tradição já consolidada na produção de vacinas, com laboratórios e fábricas que são referência mundial da área.
O país também sai como referência pioneira na distribuição gratuita das doses de imunização. Com a ajuda do SUS, cresce cada vez mais o número de imunizados contra as principais doenças, como o sarampo, a hepatite B e a gripe.
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Autossuficiência na produção de vacinas
Oselka explica também que a quantidade de produções de vacinas no Brasil não deixa a desejar: o país tem capacidade quase de uma autossuficiência na produção de muitas vacnias, como a vacina tríplice – ela é antissarampo, parótide e rubéola – em que nossa produção e fabricação é de escala enorme. Ele explica que, apesar de termos uma boa distribuição, a autossuficiência é uma qualidade, mas não uma essencialidade. Isso porque a demanda brasileira de vacinas é grande demais, o que torna inviável a produção única em território nacional.
Troca de tecnologias
Muitas vacinas que são desenvolvidas por laboratórios internacionais – como é o caso das vacinas contra o coronavírus, as principais sendo desenvolvidas pos laboratórios russos, ingleses e chineses – vêm para território nacional através de acordos de troca de tecnologias, explica o professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP.
A prática consiste em um acordo entre dois países para que gradativamente as doses compradas no exterior passem a ser produzidas em território nacional. Os laboratórios enviam a tecnologia e know-how para os laboratórios e fábricas brasileiros, que passam a produzir a vacina para distribuição local. Esse foi o procedimento da vacina da gripe, por exemplo; desenvolvida inicialmente pelo laboratório francês Sanofi Pasteur e com a troca de tecnologias concedida ao Brasil, que hoje produz quase a totalidade das doses.
A aprovação de vacinas
No Brasil, o órgão responsável pela aprovação e liberação das vacinas é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Gabriel Oselka traduz o procedimento de regulamentação do mecanismo imunológico: se a vacina não é original daqui, como é o caso da que está sendo desenvolvida contra a Covid-19, “o laboratório produtor apresenta à Anvisa um dossiê, que é extremamente detalhado, mostrando todo o procedimento até o estágio em que está – desde a composição até os testes em animais ou humanos” e comclui: “é um procedimento que pode levar meses para a análise correta”.
O especialista também alerta: caso um dossiê pouco detalhado ou incompleto fosse submetido à Anvisa, dificilmente seria aprovado, pois faltam detalhes e tecnicalidades para a rigorosidade brasileira – apenas mais um bom sinal dos pressupostos técnicos e científicos que baseiam as decisões do órgão fiscalizador.
Apesar do número de defensores do movimento anti-vacinação no Brasil crescer cada vez mais, médicos e especialistas ressaltam a importância da imunização para a prevenção do reaparecimento de doenças que podem vir a ser letais em seus casos mais graves. O Brasil é um pioneiro na distribuição gratuita e irrestrita das doses para a população, além de ser referência internacional na produção.
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não recebeu um dossiê da vacina produzida e aprovada em território russo, apesar das negociações com o governo do Paraná. As vacinas de Oxford, a Chinesa e a da Pfizer e Biontech estão em testes em território brasileiro.